Da Arte de Ser Feliz
Vinha eu descendo a ladeira
apreciando as árvores e flores
e de repente encontrei um homem
que procurava ávido mil amores.
Percebi seu semblante pesado
perguntei p porquê da tristeza
Ele me olhou e disse que estava
cansado de amargar a vida.
Ah, bem respondi é verdade
disto ninguem gosta
mas pense bem, meu amigo
se a vida não te amargar
como saberás que és feliz
quando a ventura chegar?
Ela? Disse ele estranhando.
Ela a ventura? perguntou de novo.
Sim, a felicidade, meu anjo,
aquela que todos nós procuramos e
nunca está onde supomos que esteja.
Já ouvi isso minha amiga,
mas também ouvi que as vezes está ao nosso lado
e não a enxergamos.
Sim meu doce amigo
às vezes não damos o devido valor, ou
até mesmo não encontramos respostas
que nos levem a considerar
que realmente somos felizes
do jeitinho como estamos.
Porisso mesmo, é que precisamos
da vida degustar o amargo, o fel
para que possamos discernir quando
a felicidade se coloca ao nosso alcance
ou apenas traduz um reflexo na água
e por nos acostumarmos tanto à miragem,
pensamos que somos felizes
e nos contentamos com tudo,
e até choramos muito
se o espelho nos for arrancado.
Mas eis que de repente
meu bom homem buscador,
chega um estrangeiro e nos acena
não com reflexos, mas com certezas,
com a concretude de sentimentos
e a materialização de lindos pensamentos.
E então meu caro amiguinho,
por termos chorado muito e
amargado longas horas de angústia,
conseguimos enxergar que
a felicidade encontra-se no bem querer,
na ternura e no carinho manifestados,
e não numa ilusão enganadora e cômoda.
Mas então minha dileta amiga,
quando o passado amoroso foi uma miragem
o que reservará o futuro incerto?
Ah, meu lindo, para o futuro a esperança
de um novo horizonte a despontar a cada dia,
repleto de novas alegrias,
a fluir como as águas do rio
que nunca passam duas vezes no mesmo lugar.
Lá se foi o homem com seu livro debaixo do braço,
onde pude ler, enquanto conversava com ele, o seguinte título
"Da arte de ser feliz"
Santos, 23/02/06