Bilhete Ateu
Não saio da frente do teu
Portão
Com flores rosa nas mãos
E o tolo pretexto de dar adeus.
Mas permaneço incoerente
Quando tu passa vestindo o pijama
De seda verde
Deixo cair na calçada o bilhete
Ateu que escrevi
Mesmo pedindo a Deus que
Perdoe-me trazendo-te de volta
E sonhando com tal feito; esqueço
Essa vontade de partir.
Dos domingos murchados; restam-me
Apenas passos presos no retângulo
Estreito
Que indicam o caminho do sofrimento
Da dor e do desejo
De reatar o amor que me faz
Completo
E evitar meu mais estúpido ato
O santo drama da nossa história
Contida no teu beijo.
No chão me deito e durmo, mas enquanto
Não deleito teu colchão, daqui
Não saio nunca.
S7