Bilhete Ateu

Não saio da frente do teu

Portão

Com flores rosa nas mãos

E o tolo pretexto de dar adeus.

Mas permaneço incoerente

Quando tu passa vestindo o pijama

De seda verde

Deixo cair na calçada o bilhete

Ateu que escrevi

Mesmo pedindo a Deus que

Perdoe-me trazendo-te de volta

E sonhando com tal feito; esqueço

Essa vontade de partir.

Dos domingos murchados; restam-me

Apenas passos presos no retângulo

Estreito

Que indicam o caminho do sofrimento

Da dor e do desejo

De reatar o amor que me faz

Completo

E evitar meu mais estúpido ato

O santo drama da nossa história

Contida no teu beijo.

No chão me deito e durmo, mas enquanto

Não deleito teu colchão, daqui

Não saio nunca.

S7

Shauara David
Enviado por Shauara David em 27/04/2009
Reeditado em 05/05/2009
Código do texto: T1562589
Classificação de conteúdo: seguro