Marcas

Quando teu Garcia Márquez sem capa

caiu da prateleira

e teu corpo

serpenteou para pega-lo

Não poderias prever

que a divisão dos teus medos

constava de monossílabos

e pequenos estilhaços.

Se tu tivesses me previsto

eu não seria tua pintura

impressionista.

Nem Maria,

- por Eça tão perfeitamente construída -

Cruzando, com rubro guarda sol,

as ruínas do teu fado.

Se teu Cem anos de solidão nao caísse no meu colo

assim,

como dado viciado do destino,

e a mancha não nos tivesse violentado

eu não te diria que o escuro tem braços,

e, somente nós não sabíamos.

Se tu me soubesses antes disso

eu nem saberia do teu abraço

Nem da marca indelével,

de um sabor que não cruza a calçada

Feita de manhãs e cafezais

pintado num passado amanhã despedaçado:

No dia em que teu Garcia Márquez sem capa

caiu da prateleira

em meu corpo

que, com fúria de pó e fera,

aninhou-se para entrega-lo.

(Jessiely Soares)