QUANDO EU VOLTAR

Quando eu voltar...

Já não estará alí o sonho que um dia plantei no meu jardim.

Quando eu voltar...

A lágrima que derramei ao partir terá mergulhado no profundo subterrâneo do vazio.

Quando eu voltar...

O caminho que outrora me levou, trará-me como sempre nunca foi.

Quando eu voltar...

Tudo o que antes fez-se rocha, tornar-se-á areia em meio a maré.

Quando eu voltar...

A mão que me acenava partida terá se esquecido do rosto não acariciado.

Quando eu voltar...

A brisa, que afagava meus cabelos, soprará furiosa a vinda da tempestade.

Quando eu voltar...

O sol, que jamais permitiu-me obscuro, verterá-me, negro, estas gotas em meu corpo.

Quando eu voltar...

O sorriso, que era feliz de ânsia-aventura, não gozará da mesma pureza branda.

Quando eu voltar...

Seus olhos verão-me exausto, trazendo os pesos da viagem e, mesmo assim, tornar-se-ão cegos.

Quando eu voltar...

Não serei como um dia fui, ou serei como nunca quis ou, quem sabe, o que jamais evitei ser.

Quando eu voltar...

Talvez haverá braços abertos, com saudades de abraço, à minha espera.

Quando eu voltar...

Espero te encontrar do mesmo modo como te deixei. E que me agradeças com carinho a AUSÊNCIA, o INCÔMODO, o ESQUECIMENTO. Ou me grites desiludida a PAIXÃO, o DESEJO, o AMOR.

Assim espero voltar...

Regressar ao meu passado...

Deixar as malas encima do sofá...

Tomar-te em meus braços...

Olhar incessantemente nos teus olhos e te dizer:

"Voltei, pois viver se tua presença é não ter razão para existir. Fui um tolo, reconheço. Pensei que o mundo daria-me o que só alcanço ao teu lado. Sei que não mereço teu perdão. Contudo, mesmo indigno de absolvição, abandonei tudo e hoje estou aqui, aos teus pés, para te dizer: 'Perdoe-me, pois minha existência sem ti não tem sentido nem por quê. EU AINDA TE AMO!!!'"

Saulo Sozza
Enviado por Saulo Sozza em 26/04/2009
Reeditado em 02/09/2009
Código do texto: T1560410
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