QUANDO EU VOLTAR
Quando eu voltar...
Já não estará alí o sonho que um dia plantei no meu jardim.
Quando eu voltar...
A lágrima que derramei ao partir terá mergulhado no profundo subterrâneo do vazio.
Quando eu voltar...
O caminho que outrora me levou, trará-me como sempre nunca foi.
Quando eu voltar...
Tudo o que antes fez-se rocha, tornar-se-á areia em meio a maré.
Quando eu voltar...
A mão que me acenava partida terá se esquecido do rosto não acariciado.
Quando eu voltar...
A brisa, que afagava meus cabelos, soprará furiosa a vinda da tempestade.
Quando eu voltar...
O sol, que jamais permitiu-me obscuro, verterá-me, negro, estas gotas em meu corpo.
Quando eu voltar...
O sorriso, que era feliz de ânsia-aventura, não gozará da mesma pureza branda.
Quando eu voltar...
Seus olhos verão-me exausto, trazendo os pesos da viagem e, mesmo assim, tornar-se-ão cegos.
Quando eu voltar...
Não serei como um dia fui, ou serei como nunca quis ou, quem sabe, o que jamais evitei ser.
Quando eu voltar...
Talvez haverá braços abertos, com saudades de abraço, à minha espera.
Quando eu voltar...
Espero te encontrar do mesmo modo como te deixei. E que me agradeças com carinho a AUSÊNCIA, o INCÔMODO, o ESQUECIMENTO. Ou me grites desiludida a PAIXÃO, o DESEJO, o AMOR.
Assim espero voltar...
Regressar ao meu passado...
Deixar as malas encima do sofá...
Tomar-te em meus braços...
Olhar incessantemente nos teus olhos e te dizer:
"Voltei, pois viver se tua presença é não ter razão para existir. Fui um tolo, reconheço. Pensei que o mundo daria-me o que só alcanço ao teu lado. Sei que não mereço teu perdão. Contudo, mesmo indigno de absolvição, abandonei tudo e hoje estou aqui, aos teus pés, para te dizer: 'Perdoe-me, pois minha existência sem ti não tem sentido nem por quê. EU AINDA TE AMO!!!'"