Pureza Imortal

Pálpebras levitantes

Num olhar distante

Penetra na alma errante

De um poeta amante

Quem brinca

Mais de meia noite?

Gente seria

Às quatro e meia

Um moletom

Uma blusa extravagante

E suas meias

Sente-se sozinho?

Já tentou fazer poesia?

Já tentou olhar pro céu,

Agradecer por mais um dia?

Já tentou olhar além

De um pensamento de trem

Que segue um ao outro

E nunca se desvia?

Já tentou fazer poesia?

Pálpebras levitantes

Num olhar distante

Penetra na alma errante

De um poeta amante

Ainda a memória

Me trás doce lembrança

Tão fatigante

De um olhar distante e penetrante

De um sorriso real

De um jeito eternamente jovial

Onde o mal

...Não encosta...

Em pureza imortal

Ainda posso vê-la

Numa foto que guardei

Mas te ver me faz sofrer

Então não abro minha gaveta

Mas te ver é só existir

Que logo em mim,

Em minha cabeça

Vem sua face

A parte

Perdida no espaço sideral

Que encontrei a tua pureza imortal

Que não vem do corpo

Nem rosto

Vem de ti

Só de ti

Puramente imortal pra mim

Guilherme Sodré
Enviado por Guilherme Sodré em 26/04/2009
Reeditado em 26/04/2009
Código do texto: T1560205