OS CAIXAS
Esses caixas outra vez?
Eles nunca me notaram
Sempre os escutei e conversei com eles
Mas o que eles faziam?
Nada. Nada. Nada. Nada.
Um dia desses eles ousaram de me notar.
Mas o que foi que eu fiz?
Fiquei tão tão tão nervosa
Que as palavras sumiram.
Perdi a chance, a única.
Esses caixas agora são velhos.
Tão velhos que já tem outro dono.
Um dono que talvez o conserte.
Talvez.
Quando estes caixas se foram
Pensei: como vou ouvir coisas boas?
Como vou rir novamente?
Como?
Mas eles se foram.
E eu? Como fiquei?
Fiquei bem. Bem até demais!
Esqueci dos caixas.
Esqueci. Esqueci.
Apareceram outros caixas.
Que magníficos, esplendorosos,
Revigorantes e resplandecentes
Caixas. Agora sim!
Esses me notam!Notam com tanta sutileza, cuidado
E observância que fico estarrecida, perplexa e ao
Mesmo tempo feliz.
Por meio desses novos caixas posso ouvir!
Ouvir. Ouvir. Ouvir:
Vamos?
Como vai?
E até agora uma das que mais gostei:
Senti sua falta!
Realmente... Esses caixas me deixam feliz.
Nossa... Vejam... Vocês não notam?
Eles me fazem rir. Rir de que?Vocês não notam?
Rir dos seus belos sorrisos.
Sorrisos esses que me fazem esquecer...
O que foi que eu ia falar mesmo?
...Lembrei. Com os velhos caixas tive uma
Oportunidade e desperdicei. Agora tenho várias.
Mas quero acertar na primeira.
Assim como eles me ouvem, quero ouvi-los.
Quero fazê-los sentir-se valorizados.
Esses novos caixas vão ser novos para sempre.
Pois eles serão notados com tanta atenção, que
Só terão tempo para pensar no que é mais importante
E depois em mim!
Dessa vez eles serão meus para sempre.
Não os deixarei escapar.