O Relógio e o Cronometro

Minha cabeça tenta manter-se erguida,

Mas é como se o mundo estivesse sobre ela.

Por mais que a vida seja uma despedida,

Nunca vou me acostumar com a falta dela.

Mas tenho que ter o pulso firme.

Tenho que olhar pra frente e andar.

Tenho que chorar se for preciso.

Mas tenho que encontrar alguém pra amar.

Ainda que cessam-me o gosto de viver.

Ainda que prendam-me em uma cela

Pra morfar ou morrer,

Ainda vou amar à você.

Ainda que eu chore deitado no chão.

Ainda que a parede fria e vazia

Cerca-me de sua solidão,

Ainda vou amá-la até o fim dos dias.

A mobilia enferrujada,

O relógio da vida, o cronomêtro da morte,

A menina cansada;

Doce moça; lutadora, delicada e forte

Eu flerto a ti desde que te vi pela primeira vez

E, talvez se ainda não fiz cortejos,

É porque muito te desejo

Pra ser pra vida e não por uma vez.

Meu corpo tenta marter-se em pé

Com a força que tem minha fé,

Mas eu vejo falar mais alta a dor

E, eu vejo chegar um novo amor.

Por mais que a vida seja uma despedida,

Ela também é um encontro.

Guilherme Sodré
Enviado por Guilherme Sodré em 25/04/2009
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