O Relógio e o Cronometro
Minha cabeça tenta manter-se erguida,
Mas é como se o mundo estivesse sobre ela.
Por mais que a vida seja uma despedida,
Nunca vou me acostumar com a falta dela.
Mas tenho que ter o pulso firme.
Tenho que olhar pra frente e andar.
Tenho que chorar se for preciso.
Mas tenho que encontrar alguém pra amar.
Ainda que cessam-me o gosto de viver.
Ainda que prendam-me em uma cela
Pra morfar ou morrer,
Ainda vou amar à você.
Ainda que eu chore deitado no chão.
Ainda que a parede fria e vazia
Cerca-me de sua solidão,
Ainda vou amá-la até o fim dos dias.
A mobilia enferrujada,
O relógio da vida, o cronomêtro da morte,
A menina cansada;
Doce moça; lutadora, delicada e forte
Eu flerto a ti desde que te vi pela primeira vez
E, talvez se ainda não fiz cortejos,
É porque muito te desejo
Pra ser pra vida e não por uma vez.
Meu corpo tenta marter-se em pé
Com a força que tem minha fé,
Mas eu vejo falar mais alta a dor
E, eu vejo chegar um novo amor.
Por mais que a vida seja uma despedida,
Ela também é um encontro.