QUERENDO DIZER QUE EU TE AMO

Se eu acreditasse no amor,
não perderia esta chance,
única ao meu alcance, de dizer-te,
no poema do momento,
sobre um simples sentimento: "-Eu te amo..."

Mas não sei escrever poemas de amor;
e, dilema, nem mesmo sei escrever um poema:
às vezes, um ou outro verso me descreve.

Se agora é o momento, breve, de revelar o amor,
sinto-me tentada a dizer teu nome,
mas a coragem logo some
e me vejo tola.
E já não me consola a certeza do sentir;
e me cabe trilhar as entrelinhas,
a te escrever, sem nexo, o que nem é verdade.

Mas sinto uma saudade de quando estás comigo:
o abrigo de um abraço costumeiro e forte,
o alívio do cansaço de viver, quem sabe...
A estranha inquietude dessa falta de esperança,
a dança dessas horas inconstantes,
as relevantes flores sem perfume,
o lume tão mortiço,
os campos que perderam viço
e a lua prisioneira de um escuro...

A falta de futuro, o insípido passado,
não sabem se de amor
um dia eu hei falado.


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