ERMITÃO URBANO

Deixa que eu percorra os teus

caminhos íngremes de ermitão penitente

Que vagueia por vielas coloridas em luzes

De néon.

Ainda que a caminhada te esfole a alma

Retorne ao ponto de partida

Esqueça as paixões mal resolvidas

E rasgue corajosamente as cartas

Que te foram devolvidas.

Porque serei Madalena a lavar teus flagelos

Com o grosso sal das lágrimas que teus olhos

Ocultam.

E nas tuas andanças te farei companhia

Desviando de ti os falsos sorrisos

E apagando os olhares incandescentes

Que te espreitam nas esquinas

Escuras desta cidade impudica

Assim

A tua busca incessante tombará

No frio chão que te sustenta.