Não perca a Humanidade
Não perca a Humanidade
Se vires uma rosa, aspire - lhe o perfume,
Se vires uma mãe acalentar seu filho,
Pare, observe bem e lhe sorria, com paixão.
Se vires aves a pousar nas praças, de- lhes milho.
Se vires teu próximo a mendigar o pão
Lhe estenda suavemente a mão.
Se vires queimar de leve madeira,veja o lume.
Se ouvires um pássaro a cantar no ninho
Pare e ouça - o com carinho.
Se o luto envolver sua vida
Chore, esperneie, roa a mão, revida!
Se a guerra avermelhar o pendão pátrio
Arregace as mangas e em lágrimas socorra
Não só o nacional mas o irmão impátrio.
Se te vires às portas da eternidade
Testamente sua mãe, pense nela com caridade
Lhe dê seu melhor amigo por filho.
Se as mãos de outrém queimarem seu rosto: pense
Lhe seja indiferente, não se corrompa, vence.
Se, à cruz, junto a ti, houver outro a sofrer
Lhe dê uma palavra de apoio, o faça crer.
Porque Cristo quando esteve aqui,
Amou os lírios dos campos em festa enluarada,
Ressuscitou o filho da viúva enlutada,
Alimentou a alma e o estomago da multidão.
Não perdeu a capacidade de amar e fazer sorrir,
Foi ao Jardim orar, ao sons da Natureza
Chorou no Getsêmane, se mostrou fraco por tristeza
Atendeu a sírio finícia e liberou - lhe a filha.
Quando a morte, deu João, seu amigo,
Por filho a mãe amada, dando lhe esperança
Não destruiu a vida de quem lhe feriu a face, em perigo.
E ao revolucionário, em mesma sentença
Que em fé pediu lhe por clemencia
Ofereceu - lhe o paraíso, sua crença.
Cristo deixou - nos prova real
De que para vencer o mundo, o simples mortal,
Não precisa ser Deus apenas ser humano.
Que ao dizer está consumado
Ao fim de sua carreira
Tu possas olhar atrás e dizer consolado
Tal como Cristo ensinou em sua hora derradeira
"Não perdi minha humanidade"
Elisabeth Lorena Alves
No Poetas Mortos
http://poetasmortos.com.br/index.asp?op1=2&op2=0&idTexto=14365