Vinho da solidão.
Sandra M. Julio
Quando a noite desce o véu da solidão,
Minha saudade a ti regressa...
Dispo-me então dos segredos e da emoção,
Desabrigando sonhos.
Vestem-se de súplicas os desejos...
Lágrimas marejam sem pressa.
No desatino das horas, sussurro tua falta,
É quando, rituais de nostalgia se fazem pauta.
À revelia, alforriam-se os pensamentos
Estilhaçando o cristal da alma.
Imperativa, a saudade açoita esses momentos...
A fragrância do teu sorriso alicia a felicidade,
Brincando hoje uma distante realidade.
Aos ditames do tempo, por ti, eu peço.
Para que se cumpram promessas d’uma antiga era.
Na conjectura do regresso...
Paciente ao meu lado nosso vinho se faz espera.
Nua, minh’alma degusta o rubro sabor da saudade,
Em taças de desejos, onde deixo minhas digitais cravadas,
Arraigadas...
Para que não se percam num intervalo qualquer do tempo.
Descalço os meus passos e sigo o vento...
Bebericando dos teus lábios o silêncio.
Sandra
01/07/05