amantes felizes à quebramar

Bastou que nos víssemos

nos abraçamos, em cumprimento nos beijamos

nos reconhecemos um no outro, ligeiro

o amor despertando nossos corações

ainda timidamente: vimos o mar, a areia,

as casinhas baixas,

o arvoredo, os pequenos barcos,

as redes antigas,

o perfil da gente simples...

nos separamos por uns momentos

e já nos queríamos

novamente juntos

e nos voltamos a beijar

e fomos ao mar ver outras pessoas

o que vemos nos aproxima ainda mais

agora conversar, rir, comer e beber juntos

e nos vimos apreciando as ondas quebrando

lentas na praia, crianças fazendo delas brinquedo

e ficamos enlevados,

levados por nosso pensamentos aos céus

os corações já agora acelerando,

o peito arfando, um beijo seguindo outro

as nossas bocas ávidas queriam ser mais

queríamos mais que beijos, mas nos continha

a circunstância, o entorno,

o vento nos açoitou e nos vimos abraçados

para nos aquecermos um ao outro também

e tu, macia aconchegava em mim teu corpo

suavemente sentia teu aroma, e desejava mais

e foi assim que nos vimoss em quatro paredes

o mar lá fora, já, o céu apeara o sol

e fizera subir estrelas ao firmamento,

a lua em acalanto, as folhas das palmas

e das outra plantas assombravam

o pio de corujas misturava-se a nossos gemidos

foi rápido como não queríamos que tivesse sido...

mas foi lindo, agradável, nossa vez primeira.

Saímos bem cedo para um outro dia só nosso agora,

e fomos ver o mar açoitar as rochas

pedindo a elas em tormentosa agonia uma aproximação

uma impossível união, do que restavam véus,

espirrados aos céus, em busca do vôo das gaivotas,

mesmo os peixes tiveram dó

da intermitente inconstância daquele encontro

nos evadimos da luta imemorial daquilo ainda sem final

a espuma batida da água na pedra, um orgasmo original

estamos abraçados, estamos os corpos suados,

nos beijamos, nos encontramos de tal modo exato,

preciso, justo, que viver se tornou necessário

e, ainda que sem a constância incessante

nem an força ancestral do mar,

nosso corpos emanavam ondas,

de suor

de calor

nos pedia a emoção secular do quebramar

nos ofereciam prazeres, vários múltiplos,

seguidos e desejados...

tanto esperados, agora queridos, amada, amados.

E restou que estamos felizes, como seremos sempre

e nos queremos mais ver, amantes felizes.