Pedra fundamental

As suas pupilas, astros luminosos

Explodem em incandescências pelo ar

E prega-se ao meu corpo, o seu olhar

Com a agonia de cristais em chamas

A sua pele queima nos meus dedos

E se derrete, e sobre o chão derrama

O brilho d’ouro intenso que declama

Qualquer poeta que a enxergue bem

E esse brilho oculto sob a rocha

Que pouco é visto e não é de ninguém

Um dia há de ser entregue a quem

Muito bem faça em tê-lo lapidado

A sua voz, terna, lua branca

Transborda, cheia, na minha mente lagos

E escorre pelos olhos alagados

Bem como a chuva negra sobre o chão

E as suas pernas encontrando as minhas

Chocam-se e cruzam-se, qual dois irmãos

E as batidas do seu coração

Tocam em mim os coros mais bonitos

E o seu rosto, a noite, me assombra

Como talhado em um grande monólito

E os seus lábios, rios infinitos

Refletem nos meus lábios fios d’âmbar

- E cravam suas veludosas sombras

Na solidão dum peito de granito!

Joao L Terrezo
Enviado por Joao L Terrezo em 22/04/2009
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