Mar de rebentação
Leio de novo o poema de Concha «Ondas d'amar» e reparo nos versos finais:
ao vento darei as minhas palavras
ao silêncio direi o quanto eu te amo
dizê-lo-hei mil vezes
que te amo
que te amo tanto como para te
deixar ir sem te dizer o quanto eu te amo.
(Publicado no RdL em 21/04/2009.- Código do texto: T1551046)
E sinto-me, em parte, identificado
com o que diz... Não sei se todos,
mas muitas pessoas nos sentimos
em circunstâncias parecidas...
Amores frustrados?
Se foram amores, não foram frustrados;
puderam ser não continuados. Não é certo
também que no tempo tudo é descontínuo?
Há alguma realidade na nossa existência
que persista sem mudanças
e mesmo sem interrupções?
Os nossos amores
são como «mar de rebentação:
aquele que se apresenta com ondas
que quebram continuamente na praia,
ou em outras ondas.» Ondas e ondas e ondas
a procurarem ... novas ondas e ondas e ondas...
...
NOTA.- Escrevi primeiro como pensamento, mas como pensamento me pareceu pouco pensamento... Por isso versejei o texto e ficou como fica: versal, mas nada lírico.