ALGO PARA DIZE-TE

Passei muito tempo,

Noites e dias procurando

Algo que pudesse dizer-te.

Caminhei longas estradas

E trilhei intermináveis caminhos

Pensando em algo para dizer-te.

Experimentai vários entorpecentes,

Drogas, álcool e televisão

Tentando fugir da dor

Para que realmente

Tivesse algo para dizer-te.

Esqueci e lembrei de você

Em vários corpos nus e trêmulos

De prazer e lascívia,

Procurei naquelas deliciosas curvas

Algo que pudesse dizer-te.

Dizer-te algo que fosse fatal,

Que realmente lhe trouxesse

De volta para os meus braços.

Dizer-te algo que fizesse

Ver o tamanho e a complexidade

Deste meu amor anormal.

Mas o tempo se foi,

As longas estradas se foram,

Os intermináveis caminhos

Conheceram o seu fim.

Os entorpecentes não mais me atraem.

As mulheres frementes

Partiram em uma noite fria.

Restei apenas eu e minha solidão.

Eu que não lhe interesso.

A solidão que já lhe pertence,

Não, que habita tua alma.

Então vejo sua vida

Se perdendo em cada esquina.

Seu olhar se tornando opaco

Com os olhos de um peixe morto.

Seu corpo cada dia mais gordo.

Sua dor cada dia mais contida.

Seguro tremulo suas mãos

Entre as minhas geladas e suadas.

Sorriu tristemente.

Vejo no seu rosto gordo

Minha face sulcada.

Nos seus olhos mortos

Minhas olheiras e a chama apagada.

Na sua tristeza contida

Minha morte desejada.

Felipe Duque
Enviado por Felipe Duque em 21/04/2009
Código do texto: T1551516
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