ALGO PARA DIZE-TE
Passei muito tempo,
Noites e dias procurando
Algo que pudesse dizer-te.
Caminhei longas estradas
E trilhei intermináveis caminhos
Pensando em algo para dizer-te.
Experimentai vários entorpecentes,
Drogas, álcool e televisão
Tentando fugir da dor
Para que realmente
Tivesse algo para dizer-te.
Esqueci e lembrei de você
Em vários corpos nus e trêmulos
De prazer e lascívia,
Procurei naquelas deliciosas curvas
Algo que pudesse dizer-te.
Dizer-te algo que fosse fatal,
Que realmente lhe trouxesse
De volta para os meus braços.
Dizer-te algo que fizesse
Ver o tamanho e a complexidade
Deste meu amor anormal.
Mas o tempo se foi,
As longas estradas se foram,
Os intermináveis caminhos
Conheceram o seu fim.
Os entorpecentes não mais me atraem.
As mulheres frementes
Partiram em uma noite fria.
Restei apenas eu e minha solidão.
Eu que não lhe interesso.
A solidão que já lhe pertence,
Não, que habita tua alma.
Então vejo sua vida
Se perdendo em cada esquina.
Seu olhar se tornando opaco
Com os olhos de um peixe morto.
Seu corpo cada dia mais gordo.
Sua dor cada dia mais contida.
Seguro tremulo suas mãos
Entre as minhas geladas e suadas.
Sorriu tristemente.
Vejo no seu rosto gordo
Minha face sulcada.
Nos seus olhos mortos
Minhas olheiras e a chama apagada.
Na sua tristeza contida
Minha morte desejada.