No Brilho do Teu Olhar
Um dia cinzento.
O frio de inverno visita o corpo.
Busco calor, a chama quente
de seu olhar.
Olhos de fêmea.
No fruir das angústias
da ansiedade, sua paz misteriosa.
O seu silêncio cheio
de promessas. E minha paciência
lhe aguarda.
Meu olhar tenta descobrir
o que vai no seu.
E perco-me por não entender.
Insuficiente minha pobre razão
para desvendar
seus intensos sentimentos.
Na paz que não tenho,
almejo a paz
que parece trazer oculta.
Caminha a passos certos,
enquanto eu vivo a me perder.
E me divirto contigo,
enquanto me inquieto comigo.
O dia se faz
de mero mensageiro.
Porta-voz de mensagem
sem endereço
Que acabou por pousar
em meus sentidos.
E por isto tentei ser impessoal,
mas falhei ante seu olhar.
E, nada vendo além de você,
enchi-me de criação.
E quis ser centelha de luz
para as sombras que me ocultavam.
Não conseguindo ser luz,
almejei diminuir minha obscuridade.
E cansado de dar passos perdidos,
tentei dar um sentido aos meus.
Desejava o seu caminho,
mas não queria ser igual a você,
Pois o que me atrai é a complementaridade,
e não a similaridade.
Queria dominar, queria possuir,
mas depois me bastava conviver.
Muito além da tontura causada
pelo pulsar sanguíneo,
Algo novo invadia o coração,
e este antes posseiro de si
tombava. Primavera
em meio ao inverno.
E o suave calor espantou o frio.
O que era cinza de angústia
fez-se de cinza pacífico,
como se o branco estivesse a dominar o preto
na composição da cor.
E os tons do dia recriaram os tons do ser.
Como que recriado por você revivi
o que já supunha esquecido.
Burilei em letras,
a escultura oculta
de sua imagem eu desvendei.
E depois, com pressa,
logo quis lhe ocultar apenas para mim.
Guardá-la do mundo,
e tentar ser o seu mundo,
como se fosse possível.
E o coração já não queria mais
a solidão, e já batia
em nova cadência.
Já o silêncio, que duvidava existir,
se enchia de musicalidade.
E a primavera invadiu o inverno,
recriou flores e frutos.
As flores nutriram
o olfato que já sentia saudade
do seu perfume.
Os frutos nutriram
os sabores de sua epiderme.
E guardados em nós,
nos ocultamos de todos.
Vestidos de personagens,
com a ilusão fecundando
a realidade.
Caminhamos juntos,
com passos que,
inda que diferentes,
tinham lá um certo arranjo,
uma despropositada harmonia.
Mas, enfim, já andávamos;
já éramos um, em sendo dois;
A compor, da dualidade,
uma unidade diferenciada.
A guardar-se em enigma,
tendo por chave o brilho
dos seus olhos.
Um dia cinzento.
O frio de inverno visita o corpo.
Busco calor, a chama quente
de seu olhar.
Olhos de fêmea.
No fruir das angústias
da ansiedade, sua paz misteriosa.
O seu silêncio cheio
de promessas. E minha paciência
lhe aguarda.
Meu olhar tenta descobrir
o que vai no seu.
E perco-me por não entender.
Insuficiente minha pobre razão
para desvendar
seus intensos sentimentos.
Na paz que não tenho,
almejo a paz
que parece trazer oculta.
Caminha a passos certos,
enquanto eu vivo a me perder.
E me divirto contigo,
enquanto me inquieto comigo.
O dia se faz
de mero mensageiro.
Porta-voz de mensagem
sem endereço
Que acabou por pousar
em meus sentidos.
E por isto tentei ser impessoal,
mas falhei ante seu olhar.
E, nada vendo além de você,
enchi-me de criação.
E quis ser centelha de luz
para as sombras que me ocultavam.
Não conseguindo ser luz,
almejei diminuir minha obscuridade.
E cansado de dar passos perdidos,
tentei dar um sentido aos meus.
Desejava o seu caminho,
mas não queria ser igual a você,
Pois o que me atrai é a complementaridade,
e não a similaridade.
Queria dominar, queria possuir,
mas depois me bastava conviver.
Muito além da tontura causada
pelo pulsar sanguíneo,
Algo novo invadia o coração,
e este antes posseiro de si
tombava. Primavera
em meio ao inverno.
E o suave calor espantou o frio.
O que era cinza de angústia
fez-se de cinza pacífico,
como se o branco estivesse a dominar o preto
na composição da cor.
E os tons do dia recriaram os tons do ser.
Como que recriado por você revivi
o que já supunha esquecido.
Burilei em letras,
a escultura oculta
de sua imagem eu desvendei.
E depois, com pressa,
logo quis lhe ocultar apenas para mim.
Guardá-la do mundo,
e tentar ser o seu mundo,
como se fosse possível.
E o coração já não queria mais
a solidão, e já batia
em nova cadência.
Já o silêncio, que duvidava existir,
se enchia de musicalidade.
E a primavera invadiu o inverno,
recriou flores e frutos.
As flores nutriram
o olfato que já sentia saudade
do seu perfume.
Os frutos nutriram
os sabores de sua epiderme.
E guardados em nós,
nos ocultamos de todos.
Vestidos de personagens,
com a ilusão fecundando
a realidade.
Caminhamos juntos,
com passos que,
inda que diferentes,
tinham lá um certo arranjo,
uma despropositada harmonia.
Mas, enfim, já andávamos;
já éramos um, em sendo dois;
A compor, da dualidade,
uma unidade diferenciada.
A guardar-se em enigma,
tendo por chave o brilho
dos seus olhos.