Relicário
Edson Gonçalves Ferreira
Passo os dedos entre os fios de cabelos
E, com gesto dolente, jogo a cabeça para trás
Adolescência tardia!...
Focalizo na textura frágil deles finas lembranças
Tão fugazes como a ato acidental e poético
Da mão que, agora, repousa no ar...
Foram-se todos: meus avós, meu pai, minha mãe, meus tios!
Tanta coisa delicada rompeu
E a minha alma, tal qual fio de cabelo, guarda
O perfume de todos que amo
E, quando qualquer brisa assopra,
Não são só meus cabelos que voam
Todo meu ser alça vôo
Chegando ao colo de cada de um que amo ou amei.
Divinópolis, 19.04.09