No cetim da noite
Em 31 de julho de 2008, Carla Carbatti, «em parceria com o querido
poeta Danilo Sbrissia» escreveu o poema que intitula «LUARES»:
no ópio da noite
a navalha
cortante de um blues
rasga-me a veia
com crueldade obscena
fascina-me a pele sedenta
as luzes da cidade
alinham-se ao teu corpo
em convite indecoroso
tudo escurece
meus beijos apagam luares
para acender você
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Eu quereria também delinear um poema de amor lindo como este, mas, incapaz de o perfil[h]ar, apenas digo:
No cetim da noite
silêncio e mensagem
traçam pegadas de tristeza
tão obscena quanto luminosa:
O corpo sem beijos, teus,
murcha-se como noite de ruídos
e desesperança, como noite sem frestas
à madrugada, sem o alento ofegante da alvura
multicor dos amanheceres abraçados ao mesmo desejo
de achar o anjo da carne imaculada e dos fogos sossegantes:
Foi o escorregar
agitado até ao suor
da inconsciência
ultrapassada e pálida...