DESDE A ETERNIDADE
Após um longo dia, o momento tão esperado,
De, finalmente, ter-te, musa, ao meu lado,
È noite...
De agora em diante, fica esquecida a saudade
Que, em nosso peito, agredia a felicidade,
Qual açoite...
Dos meus braços, ofereço-te o aconchego,
À minha alma, tu devolves o sossego.
Felizes, nós nos estreitamos num abraço,
Prontos a fruir, do pleno amor, cada passo,
Cada fase...
Tu aguças, em mim, um a um, os meus sentidos,
De forma a nos fazermos, ambos, enlouquecidos,
Ou quase...
Mas se o amor tem tanto de desejo e de ternura,
Ao certo tem também de sanidade e de loucura.
Deixo, primeiramente, que do meu corpo tomes conta,
Porque a minha própria alma, em sua essência, aponta
Teu ser...
Como a mulher que, trilhando comigo os caminhos do amor,
Consegue dar-me a plenitude do que tem ele em sabor,
Em prazer...
Tu me percorres inteiro, ardente e apaixonada,
E me fazes crer que, à nossa volta, não há nada.
Então, em delirante êxtase, o teu corpo me entregas,
Para que também eu te percorra, quase às cegas,
Em carícias...
E tenho-te em minhas mãos, que te cuidam com carinho,
Enquanto, ao teu ouvido, eu sussurro, bem baixinho,
Mil delícias...
E nos teus olhos posso ver o quanto bem te faço,
Até que, sobre mim, estendes o teu corpo lasso.
E, saciados, nos deixamos ficar, corpos colados,
Pele a pele, a usufruir tais maravilhas, abraçados,
A ouvir...
Qual doce fundo musical, nossa canção predileta,
Aquela que toca fundo a nossa alma de poeta,
E faz sentir...
Que nós nos encontramos algum dia, na verdade,
Porque juntos, já estávamos, desde a eternidade.