Letras 0623 - No mundo das minhas histórias

(do livro ''Partes da minha vida''

XXXIX

Quando voltar a razão, só então farei novos planos,

cobrirei o sol com a lua, uma lógica coerente,

pra dar emoção as minhas ações,

pra falar da motivação e das vontades de voltar.

Quero ser motivo da paixão, movido igual,

ir ao encontro como se fosse religião,

trabalhar duro, estudar o amor igual ciência,

trabalhar meus sentimentos, um a um, deles eu sei.

Não me compare aos outros que um dia passaram,

traz seus fantasmas e queime-os junto aos meus,

jogo meus medos na fogueira da minha alma,

incendeio as incertezas como se queima de amor.

As feridas não me matam, velha ou nova,

os pecados não mais são açoites que machucam,

confessei outro dia e me libertei,

curei-me e as cicatrizes desapareceram do corpo.

Um dia destes fiquei sol e depois lua, fui noite,

amanheci apaixonado por letras que me cobiçavam,

tentei ler o livro da vida e não consegui decifrá-lo,

fui passional, mas de nada adiantou falar de amor.

No caminho tem poças das antigas tempestades,

as datas estão marcadas na extensão do meu corpo,

nada é e nunca foi eterno, nem as promessas,

importam as palavras, nada é real na minha realidade.

Conheço todas as horas, todas as explicações,

sou absolutamente honesto em minhas ações,

mentiras, não as conheço, não as tenho em mente,

apenas aconteço quando me apaixono e morro.

Não sei a ordem das pessoas de ser mais ou menos,

quando se fala de vida, quando se fala de sentimento,

posso ver todos, sentir todos e ninguém me enxergam,

estão a minha volta e se negam a me reconhecer.

Estou vivo em cada pedaço de solidão, cada sorriso,

vivo por mim um pouco como se fosse nenhum,

morro a cada decepção, sobrevivo a cada não,

como se tudo fosse um começo, recomeço.

Modifico as razões, os objetivos, as estradas, os trechos,

dou palavra ao desconhecido, tento definir o certo,

nem sempre estou errado, nem sempre estou perto,

por isso sou mais que imperfeito, igual ao destino.

Quando amanhecer, amanhã mesmo, serei sol,

vou trocar minhas roupas de dentro, a pele, o coração,

matar o passado, os restos do que lembrar de ontem,

renascer como protagonista da minha própria vida.

Não mudem minha história quando chegarem ao meio,

quero ser o roteiro, o ator principal do mesmo amor,

aquele que carrego cada dia da minha vida até hoje,

sem medidas, sem medos, sem felicidade, sem nada mais.

Marquem minha face como se marca a hora da reza,

seja fiel como o vento à tempestade, antes e depois,

mesmo arrasando cada estação, cada flor, cada paixão,

serei um dia lembrado tanto pelo que não fiz ou o prometido.

Não quero gloria, não sou a solução de absolutamente nada,

posso ter algum veneno esquecido na boca, também o antídoto,

como a noite traz a luz e a escuridão

ou o sol vem com seu dourado imponente e a sombra.

Construam um altar para algum deus que vem amanhã,

acreditem, creiam no que prometem, mas não esperem,

as vozes me dizem que tudo é falso, nada foi verdade,

nem mesmo as letras da minha história de único amor.

Desejo morrer depois de uma noite de prazer e paixão,

tenho ainda vários desejos a realizar, mas não consigo,

estou um pouco decepcionado com a vida, todas as minhas,

talvez fique por aqui, talvez volto para o mundo das histórias...

16/04/2009

Caio Lucas
Enviado por Caio Lucas em 16/04/2009
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