Inocência do medo.
Poet ha Abilio Machado. 160209.
Ninguém mais te ama
Jalecos brancos lhe vistam
Sacos de areia empilhados na calçada
Maçã cheirosa, bem vermelha
Quando vê a chegada da dor...
O mundo posto no olhar
Brinca na areia
Pés descalços
Descaso da vida...
O sal faz arder a alma ferida!
Só a luz. Olha,
A água clara em qualquer parte
Um quê sem infância
Vestido rasgado
Sem crenças
A palavra é curta:
__Não!
Bruta, luta feroz e sílabas
A porta aberta...
A mesa enfeitada
Quase futura, passada
Incrivelmente presente:
__Solidão!
Dançaria nua
Mataria o próprio medo
Por um beijo
Como uma louca...
Se não fosse pela noite.
Noite, aquieta-se...
Que medo de ficar só!
Como eu chorei à noite
Uma noite
Noite escura
E eu tão só...