Letras 0618 - Minha vida

(Baseado em: Deficiências da vida - Mário Quintana)

Deficiente seria eu se continuasse nos meus depois de vida vazia,

sem sonhos bons, o corpo, e, o calor que dou e jamais recebo.

Louco fui quando esqueci de ser feliz, não interessei pela minha vida

e em possuí-la inteira, não me doei, pagando pelo que ganhei de carinho.

Cego, um pouco antes de querer morrer parei de respirar, de me gostar,

não olhei a minha volta aos que amei sem ser amado.

Surdo, quando deixei de ouvir as juras, os pedidos que vinham da alma,

um grito ensurdecedor que quase consegue parar meus sentidos.

Mudo, não falei de amor, das minhas paixões, dos prazeres que escondo

atrás das mascaras que carrego, do meu rosto pálido e sem graça.

Paralítico fui quando não corri pelos rastros da mulher amada,

deixei o vento apagá-las, usei a vida sem me mexer esperando a volta.

Diabético me fiz sem um doce sabor, sem o gosto do gozo na boca,

aqui em mim, um dia ao menos, em uma noite de mel e lua.

Anão, pois jamais deixei o amor passar dos meus lábios, confesso a mim,

não a ti, o sentimento que escondi na minha pequenez.

Miserável, sim e mais, miserável e mais o quanto puder, mais por tudo aquilo

que escrevi, por tudo que sei e não fiz absolutamente nada para melhorar.

13/04/2009

Caio Lucas
Enviado por Caio Lucas em 13/04/2009
Código do texto: T1537198
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