GESTOS APAIXONADOS...
Havia vezes que ele olhava aquele ebâneo céu
Emborcado em miragens, a lembrar-se do rosto dela
Em outras, era a vez dela a imaginar-lhe sorrindo
Ao captar o luzir, em meio às madrugadas, da grande lua...
Em momentos raros rememoravam um ao outro
Acarando a mesma estrela, ao mesmíssimo tempo!
Era quando, sem saberem, praticavam um abraço afetuoso,
E seus lábios intumesciam num estranho ardume,
E seus corpos retratavam, descontrolados
Os gestos apaixonados do desmembrado par...
Exatamente nestas horas
Era quando não conseguiam entender
Porque sofriam tanto com a perda um do outro
Se, no passado, tão dissimuladamente decididos,
Juraram-se, olhos-nos-olhos, se abandonarem
Para nunca mais precisarem sentir a dor
De terem que se desatrelar um dia
Por conta de algo além da compreensão deles...
Assim, ignorantes do que lhes seria realmente possível,
Percorreram até o fim, saudosos do passado, suas vidas