"Diálogos com a lua"
“Diálogos com a lua”
Numa noite de insônia, noite mal dormida,
Despertei de madrugada; sai pra minha varanda
E pus – me a dialogar com minha companheira,
Minha amada.
Lá ia ela altiva no alto céu
Como a me procurar,
Pareceu – me por um breve momento fugaz;
E eu, como seu amante fiel,
Quis este instante eternizar.
Lua; tu que brilhas pra muitos,
Opaca pra alguns,
Que sorri ante o beijo apaixonado, mas
Vira sua face à traição consumada,
Meu coração como pergaminho
Quero te abrir,
Sob tua clara luz celestial
Meus segredos contar.
Por favor, vire pra mim seu lado oculto, encoberto,
Deixe que de você meu coração chegue mais perto.
Preciso nesta ante véspera da chegada
Do brilho que te afugenta,
Derramar-te minha súplica
Como se ela fosse a última.
Lua prateada,
Refletindo
Paixões desenfreadas,
Amores mal resolvidos,
Traições mascaradas,
Enlaces sem fim,
Diga pra mim: -
Como hei de conquistar,
Sem espada, sem batalha
O amor da mulher amada?
Como fazer com que seu
Doce sorriso de fada encantada
Seja só pra mim, a mim dado?
Lua, guardiã de meus tesouros escondidos,
Guardados,
Como pérolas nunca antes mostrados,
Nesta sua solitária viagem estelar,
Em que com um poeta
Estás a dialogar,
Leve até ela um pouco
Da esperança minha;
Diga que a dor que sinto
É deveras genuína,
E que sem ela
Eu não me encontro,
Sou como um rio que corre em desatino,
Apenas cumpro meu destino,
Uma nau sem porto,
Um não estar,
Um morrer de desgosto.