Poema ao amor vindo

Cruzei as barreiras da solidão,

ultrapassando o imponderável.

Nada! Irremediavelmente nada.

O silêncio era profundo,

e das grutas existentes,

saíam sombras, iguais a minha.

Eu não estava só, imaginei.

Mas, eram apenas sombras dos meus reflexos,

vultos criados, implexos.

Sim, eu estava só, perdidamente só.

E com um clarão ardente,

quebrando o silêncio,

soaram os clarins.

Tudo foi de repente.

Vi um corpo esguio,

alma divinamente branca.

Fechei os olhos e deixei-me levar.

Senti perfume de flores.

Pisei em areias brancas.

Fui abençoado pela chuva que descia.

Nênias, já soavam longínquas em meus ouvidos.

Eis o fruto da alma que nascia;

meu poema, a solidão que foi morta.

A fiel conquista do existir,

povoando meu peito,

transformando em vitória,

minha solitude, minha derrota.