ANGÉLICA ANJINHA...
Veio cometa, lá do céu!
Foi tão duro esperar-lhe...
Está certo que
Antes de cá pousar
Teve uma longínqua viagem...
... e brincou, pulou, correu,
Divertiu-se a valer
Fazendo pelas nebulosas
Um verdadeiro escarcéu!
Depois planou por buracos negros
Há milhares de anos-luz,
Fugiu inteira das órbitas
De longínquos planetas
De atmosferas inóspitas,
Passou lambendo
Azuis sóis em desalinho,
Foi sugada quase
Pela gravidade absoluta
De galáxias em remoinho,
Mas escapou...
Rodou solene por este
Universo infinito e curvo
Seguindo com firme pulso
Seu alegre e luzidio caminho...
Por fim, veio cair justo aqui
Nos respiros do meu peito
Feito um cansado passarinho...
Agora sou eu quem lhe cuida,
Que em seu ouvido
Fala de amor baixinho
Sou mesmo eu
Quem lhe consola
Quando a saudade
Do hiperespaço
Por muito pouco
Não lhe faz ir-se embora...
Agora? Neste momento?
Ela dorme quietinha
Minha Angélica anjinha
Da qual tanto gosto...
Aqui mesmo, linda, tão minha
De brancas asas encolhidinhas
No quentinho do meu colo...