Estranheza

Estranho,

O vento não é úmido e não me cede

Mais delícias frias e subjetivas

E as gotas de orvalho não escorrem entre os cedros

Que tombam todo dia nas florestas.

Não vejo mais lagartas em casulo;

Nem vejo mais coroas em castelos;

Nem vejo boas noites para serestas;

Nem reivindicações da natureza.

Eu vejo tudo pronto. Tudo certo.

Estranho não te ver quando eu não quero

E nem ter na cabeça a certeza

E se, francamente, não queres que eu me prenda,

Estranho, pois me laça de repente.

O fogo já não esquenta plenamente,

O sol não acalenta o corpo inteiro,

Que há parte de mim escondendo-se à sombra

Dos meus gestos.

Já não entendo suas falas totalmente.

Já não sinto a força do seu beijo no meu rosto.

Nem a carne do seu rosto nos meus lábios.

Estranho, que a beleza permanece.

E eu não estou mesmo te esquecendo.

Porque os odores primaveris ainda inundam minhas narinas,

E as imagens nos meus olhos continuam distorcendo

A ti.

Estranha essa saudade que eu sinto

De tempos que ainda não são nem passado

E que meu corpo prossegue remoendo

Sem dó, objetivo, sem escusar-se...

Essas memórias depostas do meu ser

Que a pele elimina pelos poros.

Porque se estão por dentro queimam lânguidas,

Um fogo de calor aveludado, que quase a aprazível se atreve;

Como um chama escura e sombria;

Como uma nuvem fria e passageira;

Como uma porta semicerrada;

Como esquecer a noite, velar a cama, selar a mente, não dormir

E nem perceber

Estranho eu achar que não te tenho

Se em rever-te jaze o meu prazer;

E a sua imagem na retina a derreter,

Desmantela a dor e a chaga que contenho

Joao L Terrezo
Enviado por Joao L Terrezo em 07/04/2009
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