O monstrengo
de Edson Gonçalves Ferreira
para André Faria Almeida, Sônia Ortega, Celina Figueiredo,
Zélia Nicolodi, Henricabílio, Maria Olímpia, Fernanda Araújo,
Malubarni, Tera Sá, Susana Custódio, Zé Albano e amigos
do Recanto
O monstrengo que dorme dentro de mim me dá arrepios
Não me deixa em paz um segundo sequer
Meus suspiros são mais que ais de dor
Ele, o monstrengo, é alimentado pelos meus medos
Afinal, sou um homem sensível
E ele, o monstrengo, provoca o poeta
O poeta que sou todos os minutos
Minha alma arrepia e penso:
Até Cristo teve calafrios e medo quando vagava pelo deserto
Quando aguardava Judas no Horto das Oliveiras
E o monstrengo que, às vezes, acorda dentro de mim provoca
Provoca a minha ira e, então, escrevo versos loucos
Tão loucos que muita gente treme
Ele acorda o poeta doutroras grandezas
Faz com que eu veja o que fui noutras eras
Quando eu era mais jovem que hoje
Quando eu era mais forte que hoje
Quando eu era mais nobre que hoje
Quando eu era mais religioso que hoje
O monstrengo que dorme dentro de mim me dá arrepios
Faz com que muita gente trema quando me vê tomado
Feito Jesus na Cruz gritando:
_"Pai, afasta de mim este cálice!
Enquanto raios e trovões cruzam os céus
E pregado na Cruz da sensibilidade, faço versos como quem morre
Para redimir o mundo.
Divinópolis, 07.04.09