PAIXÃO AO CALOR DOS CORPOS

Meu suposto corpo cá está

Sonhando sem parar

Por futuros dias felizes

Que o caminho do sol,

Incansável, há de torrar

Levando esperanças,

Inapelavelmente, ao carvão...

Queres saber?

O que importa realmente

O quanto mentes

E o que me dizes?

Que me importa mesmo

Se verdades são, ou não,

Teus supostos deslizes?

Esperemos juntos, à janela

Esse terrífico sol esconder-se

Lá nos confins da Terra

Para, em seguida,

Nos amarmos soltos,

Com sofreguidão...

Nada de amor

Em emoções ou idéias!

Mas tão e simplesmente

Paixão ao calor dos corpos

Noite adentro, madrugada afora

Enquanto permitirem nossos ossos,

Enquanto ainda existir o tempo,

Enquanto não renascer o sol

A clarear nossas idéias...