Poetas...
Poetas...
Esses seres estranhos
vivem mil vidas,
cantam uma centena de amores,
mas são sempre "variações sobre o mesmo tema..."
Possuem almas sensíveis
que os fazem sofrer mais do que os outros,
que os fazem amar ainda muito mais...
São pirilampos fugazes
querendo ser estrelas...
São estrelas, querendo ser pirilampos...
São incompreendidos
e irremediavemente sós...
Os Poetas
choram quando arrasados por amor
mas escondem suas lágrimas
com sorrisos gentis...
humanamente gentis...
Mas eles são mais que humanos:
são anjos que dizem
o que muitos queriam dizer
e não sabem como...
Os Poetas são os eternos apaixonados pelo Amor,
que os debulha, amassa, enfeitiça, queima, tortura,
e que eles, mesmo assim, são-lhe eternamente fiéis.
Poetas... Loucos?
Não! São Anjos sem asas visíveis
em seus risíveis amores
que deixam entrever por metáforas
o quanto sofre um poeta...
Nesta noite alta,
que não ostenta estrelas,
eles estão por aí
com seus lampiões de gás
para alumiar os passos dos que nada vêm...
Poetas... Artífices,
arquitetos da beleza,
solitárias e incompreendidas almas...
que vagam entre os salões e as sepulturas
com seus olhares mudos
e suas mãos que falam...
O mundo sem os Poetas seria todo cinzento...
Rendo-me a vós, Poetas,
Nesta noite imensa,
onde sombras densas
cobrem o meu chão!
E vós, das areias das estradas poerentas,
fazeis surgir diamantes
garimpando estrelas
neste meu rincão...
Oh, Vida! Que seria de vós
sem os sonhadores?...
Certamente neste mundo
não haveria uma única canção!...
Seríamos condenados
ao silêncio eterno,
ao jamais um dia
ser possibilidade
de um vir a ser...
Poetas de mil vidas
e de mil amores,
ninguém é mais fiel do que qualquer um de vós...
Ninguém sofre mais
e canta mais
e embeleza a vida
do que vós com vossas vozes...
O livro aberto em branco...
a caneta...
as possíbilidades...
Poetas, nesta noite sem rumo
minh'alma vai até vós,
e rendo a minha homenagem
com uma lágrima triste de saudade
acompanhada de um sorriso
de cumplicidade
e compreensão...
Sede benditos
neste mundo que, sem vós,
seria a morada eterna
da eterna escuridão...