DEVANEIO
Agora a tarde se torna a imagem de uma infância há muito perdida:
lá fora, um sereno rola do céu e enfeita os cabelos de quem amo.
E ele ri como se brincasse na neve e encontrasse amigos
há muito tempo perdidos nas jornadas da vida.
Eu o observo e só me resta sorrir com a sua ingenuidade,
a sua fantasia de menino que, de repente, cresceu.
Por que teremos de partir um dia se a vida é curta?
Poderíamos construir castelos nas praias
que ainda nem visitamos.
Poderíamos escrever aquela obra conjunta
sobre o sentido íntimo da paixão.
Mas não!
A noite virá imperiosa e doce.