Sentimentos constantes
Que a audácia de amar que tenho
Seja sempre contida,
Porque viver sem amor é desespero,
Mas viver só por amor é loucura.
E reprimir-se sem nenhum esmero
É contentar-se em descontente,
E que não me tragas uma simples partida,
Já que num momento só tenho inocência
E depois, eu não sei.
Que não me concedas apenas um precipício,
Pois se o fizeres, dê-me em plenitude...
Só assim poderei ceder a minha essência.
Não me tragas um simples momento
Em que me faças entrar em colapso,
Porque só tenho cansaço
Depois de estar num amor intenso...
Que não me corroas nem em amplitude
Desvairada nem mesmo em vida
Desmedida, que me distorça no delírio de candura.
Mas não seja adversa...
Não empalidecerás num ato de bravura,
Porque nem assim pertencerás à parte
De encanto, que dentro de um canto...
Entrará dentro de um pranto
Infindo em fogo que não se sente.
Que nem assim não se pretende
Privar-se em ferimento,
Porque me encontro numa metade de mim que é dor,
E depois n’outra, que é uma cicatriz inesitante...
E que em nenhum ávido instante
Abres-me para um comportamento inquietante...
Que não forces para dentro
O que não possas colocar,
Porque num momento estou pleno de pertences,
Mas em outro pretendo livrar-me de solidão,
Mesmo que num descompasso excessivo...
Que em tempos te arremessas na contradição
Pondo-me num sentimento vivo
Que te quer por toda razão,
Numa imensa paixão.