Sentimentos constantes

Que a audácia de amar que tenho

Seja sempre contida,

Porque viver sem amor é desespero,

Mas viver só por amor é loucura.

E reprimir-se sem nenhum esmero

É contentar-se em descontente,

E que não me tragas uma simples partida,

Já que num momento só tenho inocência

E depois, eu não sei.

Que não me concedas apenas um precipício,

Pois se o fizeres, dê-me em plenitude...

Só assim poderei ceder a minha essência.

Não me tragas um simples momento

Em que me faças entrar em colapso,

Porque só tenho cansaço

Depois de estar num amor intenso...

Que não me corroas nem em amplitude

Desvairada nem mesmo em vida

Desmedida, que me distorça no delírio de candura.

Mas não seja adversa...

Não empalidecerás num ato de bravura,

Porque nem assim pertencerás à parte

De encanto, que dentro de um canto...

Entrará dentro de um pranto

Infindo em fogo que não se sente.

Que nem assim não se pretende

Privar-se em ferimento,

Porque me encontro numa metade de mim que é dor,

E depois n’outra, que é uma cicatriz inesitante...

E que em nenhum ávido instante

Abres-me para um comportamento inquietante...

Que não forces para dentro

O que não possas colocar,

Porque num momento estou pleno de pertences,

Mas em outro pretendo livrar-me de solidão,

Mesmo que num descompasso excessivo...

Que em tempos te arremessas na contradição

Pondo-me num sentimento vivo

Que te quer por toda razão,

Numa imensa paixão.

Ricardo Miranda Filho
Enviado por Ricardo Miranda Filho em 05/04/2009
Reeditado em 26/04/2011
Código do texto: T1524459
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