Desilusão e lágrimas
Quando voltei a procurar por você
eu estava tentando reabrir uma
porta há tempos fechada.
Foi como se o tempo permanecesse
parado naquele agosto de outrora.
Não me esqueci de sua voz.
Ainda guardo seu perfume e
sua fotografia dentre as coisas
que muito prezo.
Mas não há o tempo.
Não houve laços que possam
hoje ser reatados, nem sentimentos
a recuperar na vasta
distância que se fez presente.
Meus versos continuam brancos.
A alma, no entanto, hoje está
vermelha pelo sangue derramado
e que não consigo estancar.
Lembrei-me de você.
Talvez em conseqüência da dor
de agora, semelhante à que
senti por você.
O sofrimento alimenta a inspiração e as
palavras que descanso nesse papel
traduzem a mágoa mal
contida no frágil peito.
Quando me recordo do tempo
associo a você não só a palavra,
mas a emoção sentida.
Não há remédio, ainda, para
o meu coração partido.
Talvez o antídoto, uma vez
mais, seja o próprio tempo.