Jardins do Silêncio
És a rosa vermelha de espinhos mais pontiagudos
Que já pôde nascer no meu jardim
Com a beleza reparável em segundos
Mas sempre sangrando em meus jasmins...
Feri-lhe a selvagem beleza
Sem intenção, arranquei-lhe uma pétala
Na morada de um viajante
Namorada de um viajante
Sangra lentamente teu perfume
Inunda-me as narinas suavemente
Avassaladoras sensações e ciúmes
Que dirigem-me ao teu subconsciente
Eu ainda circulo em tuas veias, é fato!
Tenho nutrido as pétalas que restaram
E amolado a lâmina do meu assassinato
Embora tu me tenhas negado
Sinais de fábrica ressoam
Do meio da fumaça das alturas
Jardins que mais puros já foram
Antes que carbonizassem as ruas
És o bálsamo que agrada os reis
És a tabula sagrada das minhas leis
A agonia sufocada de um refém
Indefeso de um amor que vai além
Além dos limites dos olhos
Mesmo que sejam da alma
Jamais verás ao certo os sonhos
Que plantam-se com calma
Minha rosa de sangue
Carne, osso e cabelos
Que lançam-se na tarde
Sem importar-se com meus erros
Diante de meu castelo encantado, teu jardim, minha rosa... Teu viajante!