Prolixidade
É essa diretude que não me agrada
Me perde a direção sem dar-me todo
Me falta a vocação pra só falar-te
Para ser direto e não ser só ditoso
E a predileção ainda instiga
A dúvida entre o caso amoroso
E a amizade densa que me irriga
E é a complexidade que me arrasa
Que é como perder-se com o mapa
Mas não saber se achar no mapa ou nada
É como se afogar na margem rasa.
Eu quero só colar-me no teu colo
Mas a complexidade ainda me arrasa
Que pra você eu que tanto falo
Sem meu vocabulário só me calo
E abro a tampa do meu lixo-hablante
E culpo a injustiça dessa vida
Por ter-te arrastado assim de mim
E é mesmo muito mais fácil assim
Que não me culpo, nem te culpo mais.
Porque essa amplitude me sufoca
Que não consigo te olhar em paz
Que só me vejo um bobo apaixonado
E quero logo ter-te novamente.
Por isso que te espero uma resposta.
Uma resposta curta sim ou não.
E que perdoe a minha indiretude
É que sou uma criança de mãos dadas
Que não sabe se quer ou não a mão
Mas que se permanece de mãos atadas
Mas tu não esperaste a minha mão
Mas quero ainda saber a sua resposta.
Se gosta ou desgosta
Se ama ou desama
Que deus então me salve do prefixo.
Mas restará só uma decisão
...
Ai, todo esse mal de ser prolixo!