Espaço

Não há lugar para arrependimento

No meu peito dorido e infantil,

No meu corpo trincado e macio,

Não há lugar pra tanto desalento

Não há resposta à questão que baste

Para paralisar em mim tormentos

Pr’incendiar em mim o pensamento

Não há saída mais por onde entraste

Não há na tempestade uma só gota

Que não reflita o sol da meia-tarde

Que não me lembre o fogo que ‘inda arde

E encerra no meu leito a dor devota

Não há no coração litros de sangue

Que andem nas artérias ao rever-te

E não pulsem nas veias ao ouvir-te,

Que não se espalhem ao ouvir teu nome

Não há entre as sinapses um espaço

Que não esteja repleto de ti

De hora em hora tenho-me a carpir

Que os meus nervos não são fios d’aço

Não há eternidade em poucos versos

Que chore a intensidade do instante

E que não valha a folha irradiante

De um branco em que se apaga o universo

Não há lugar para arrependimento

Na sombra que se agrega à minhas pupilas

Nessa loucura sóbria que destilas

Não há lugar para ressentimento

E mesmo nos momentos mais tristonhos

Não há lugar para arrependimento!

Não há lugar para arrependimento!

Nessa treva na qual me decomponho

Joao L Terrezo
Enviado por Joao L Terrezo em 01/04/2009
Código do texto: T1518045