VOU TENTAR FALAR DE AMOR…
Lágrima perdida no tempo
Diletantemente e ao acaso
Que tanto cai no futuro, no presente
Ou no passado
E eu não sei bem como me exprimir
Neste palco tão difícil
Sou actor sem peça bem definida
E com muitas falas
Esquecidas
Sendo por isso
Que aprendi a nobre arte
De improvisar
Sendo assim que levo o meu barco de amor
Neste mar
Onde calha navegarem as almas que calharam se apaixonar
Em palavras que me soam
Como o mais importante desafio
Deixo as vagas alteradas
E procuro a calma de um rio
Que subo contra a corrente
Pois sempre funcionei ao contrário
E assim em vez da foz
Procuro a nascente
Para te dar as tais palavras
De que sou um mero escultor
Talho na minha pedra
As formas do amor
Se calhar porque amo
Nunca deixarei de amar
Mudam as caras
Mudam os corpos
Mas nunca a minha forma de estar
Guiando-me pelas estrelas
Como os marinheiros de outras épocas
Dado navegar à vista de terra
Ser perigoso e hostil
Tendo medo que não aceites abrigar
A minha nave
Nem que seja por breves instantes
A teu lado ficar
E assim
Com trovas
Do dito amor
Vou indo para a nascente
Onde o amor penso irei encontrar
Mas o rio é maior do que pensava
E provavelmente
Esta navegação
Esta busca
Vai durar para sempre…