Retrato
Não quero ser o vento em seu retrato
que move os seus cabelos ao acaso
e pesa invisível nos seus ombros
Não quero ser um beijo em seu passado
eu quero-a em um abraço apertado
a desfazer os meus braços em escombros
Não quero que me tenha esquecido
nem quero que me arranque da sua vida
ainda assim, não quero ser tão pouco
Eu quero ainda tê-la um tanto mais
Eu quero ainda desatar os nós
a amarrar nossos orgulhos roucos
E sei que já não basta nos despirmos
dos nossos egos, nós, eu dos meus erros
pois nossos dias não serão mais festas
Que não me quer o corpo ou a mente
que só me quer a mão ou as palavras
mas um fio de esperança ainda me resta
-E restará enquanto (eternamente)
em um senso de terno que não só tempo
um senso próprio nosso
se é que ainda há nós - se é que já houve.