Retrato

Não quero ser o vento em seu retrato

que move os seus cabelos ao acaso

e pesa invisível nos seus ombros

Não quero ser um beijo em seu passado

eu quero-a em um abraço apertado

a desfazer os meus braços em escombros

Não quero que me tenha esquecido

nem quero que me arranque da sua vida

ainda assim, não quero ser tão pouco

Eu quero ainda tê-la um tanto mais

Eu quero ainda desatar os nós

a amarrar nossos orgulhos roucos

E sei que já não basta nos despirmos

dos nossos egos, nós, eu dos meus erros

pois nossos dias não serão mais festas

Que não me quer o corpo ou a mente

que só me quer a mão ou as palavras

mas um fio de esperança ainda me resta

-E restará enquanto (eternamente)

em um senso de terno que não só tempo

um senso próprio nosso

se é que ainda há nós - se é que já houve.

Joao L Terrezo
Enviado por Joao L Terrezo em 31/03/2009
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