CÂNTICO À PAZ

Neste mundo de guerras,

de misérias, de injúrias,

bendigo as flores

que permanecem alheias

ao tremedal.

Bendigo ao pássaro que esvoaça

em busca de companheira.

Bendigo os reflexos lunares

sobre as águas do lago,

dividindo o negrume por um facho prateado.

Bendigo aquele que tem o afago

daquelas mãos que o fizeram dormir;

bendigo estas mãos.

Neste mundo de discórdia,

bendigo o lirismo dos poetas,

seus poemas, suas musas.

Bendigo as donzelas reclusas,

as noviças de conventos distantes,

alheias a degradação.

Neste mundo nefando,

bendigo o amor, a palavra mais terna que ouvi.

Bendigo o sorriso amplo, quase azul,

a voz meiga da criança.

Bendigo o vento que sonoriza seu nome,

a chuva que molha seus cabelos,

o sol que aquece seu rosto.

Bendigo meu egoísmo de faze-la só minha.

Bendigo a coisa mais pura... você.

Bendigo, meu caminho, meus passos,

por este mundo desgraçado;

em meio a tudo que bendigo,

fui bendize-la em meus braços.