AINDA ME AMAS?

As chamas se apagam.

Os temporais cessam.

A tarde anoitece.

A vida segue.

Ainda me amas?

Pergunto como quem golpeia

com uma navalha.

Olho os teus olhos com firmeza.

Espero

a tua resposta.

Mas no íntimo eu sei

o quanto é difícil confessar

essa confusa trama de amor e raiva,

que tendem a se amalgamar.

Com todo ódio do mundo pergunto:

ainda me amas?

E meio que espero

o teu rotundo não.

Mas não respondes.

Calado, me lanças um olhar incrédulo.

Como pude ser tão cruel, se

todo o amor do mundo pousou

em teu peito?

Como posso duvidar, se

todos os dias acontece o milagre

desse sentimento se renovar.

E entre mortes e ressurreições,

respiras fundo, a suportar o golpe,

e dizes tudo o que não quero ouvir:

tu sabes...