NOVOS AMORES

NOVOS AMORES

J.B.Xavier

E porque te ofertei minha luz, me condenei às sombras,

Porque te ofereci minha alma,

Me reduzi a este vazio em que agora habito,

E porque já não ouves meu grito,

No desespero desta triste solidão

Restou apenas este vazio no desolado coração

A esperar por teu olhar, em suas preces...

Sou agora o cipreste que germina retorcido

Por entre frestas de rochas, neste deserto calcinado

Onde a aridez a alma consome e corrói,

Onde a ferida mal cicatrizada ainda dói

Onde o vento não acaricia, antes, resseca e queima

A vontade, que apesar de ti, ainda teima

Em fazer de conta que és o oásis salvador...

E sob o sol que arde constante e inclemente

Sigo germinando, retorcido e paciente,

Em busca da sombra gentil e salvadora

Ofertando meus ramos à ave redentora

Que venha dividir as minhas dores...

Aguardo-a na angústia desta interminável espera,

E um dia ela virá, trazendo no bico, o broto de novos amores...

* * *

JB Xavier
Enviado por JB Xavier em 31/03/2009
Reeditado em 31/03/2009
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