NOVOS AMORES
NOVOS AMORES
J.B.Xavier
E porque te ofertei minha luz, me condenei às sombras,
Porque te ofereci minha alma,
Me reduzi a este vazio em que agora habito,
E porque já não ouves meu grito,
No desespero desta triste solidão
Restou apenas este vazio no desolado coração
A esperar por teu olhar, em suas preces...
Sou agora o cipreste que germina retorcido
Por entre frestas de rochas, neste deserto calcinado
Onde a aridez a alma consome e corrói,
Onde a ferida mal cicatrizada ainda dói
Onde o vento não acaricia, antes, resseca e queima
A vontade, que apesar de ti, ainda teima
Em fazer de conta que és o oásis salvador...
E sob o sol que arde constante e inclemente
Sigo germinando, retorcido e paciente,
Em busca da sombra gentil e salvadora
Ofertando meus ramos à ave redentora
Que venha dividir as minhas dores...
Aguardo-a na angústia desta interminável espera,
E um dia ela virá, trazendo no bico, o broto de novos amores...
* * *