Do Paraíso
Formosa Ave... que um dia pousaste — na minha mão
De que ninho trançado à ouro... de que porta dos Céus aberta
pudeste cair — inconcebível desventura —
para vir cantar por esta infensa terra
rica em fatalidades, frio, sombras?
— Como um raio, me deixaste pasmo... cego pela tua luz.
Sobrevieram as chuvas — dilúvio — a desvelar-me o ser
a me lavar as entranhas... me carreando para outros mares
— Agora sei dos confins intangíveis
onde vivem fantasias... amor... milagres
o reino das musas, anjos, deuses
— Um dia eu tive — sonho indizível — a Ave-do-Paraíso.