Brinde ao desconhecido
"É humano.
Não sei quem tu és, muito menos o que costumas fazer. Não sei do teu passado, e muito menos das tuas expectativas futuras. E sinceramente: não quero saber.
Tu por ti bastas. Único, atraente, perdido nos teus próprios amores, que, aliás, também não me interessam. Quero-te ali, naquele momento, exato, homem, criança, boêmio.
Teu cheiro me consome, teu olhar me deixa tímida, tua voz me invade e me desliga de todos os questionamentos, não os quero agora. Não mais; eles não valem nada, eles não me servem para nada.
Entre nossos corpos não existe certo, errado, moral e imoral, só o desejo nu de estar ali, frágil e entregue; vivo.
Vejo-te como a calmaria e o perigo, o eterno que se enraíza num breve momento. Beijo-te pra sempre no instante em que o mundo acaba.
És tu, homem cruel, que destróis o meu silêncio e detonas o meu caráter.
Quero-te quando me queres, sem explicações, sem regras.
Tenho o teu cheiro no meu corpo, e suavemente não me paro de cheirar. Sinto o gosto do sexo nas minhas mãos, nos meus cabelos, no meu hálito. E mesmo que não me queiras mais, tu estarás marcado em meu gozo e me sentirei feliz por ter-te enfiado dentro de mim e te conhecido sem te conhecer.
Um brinde ao inexplicável, ao absoluto, ao humano, ao desconhecido, à delícia da vida."