Quero esquecer

Perdoa-me, Senhor, tudo me perdoa

e ser-te-ei alma encontrada

fora dos lugares, longe das estradas,

as que me deram os desavisos.

Louco de mim, manso me recolho

qual lobo cansado e posto de molho

onde arde a carne sangrando ao vento.

Achei no rouxinol o canto da vida

e se me despeço do mal, dele me retiro

porque nem sei cantar

e asas para voar

sei que elas já não me suportam.

Resta-me a leveza de uma crença,

minha fé joga-me no coração e me convence

de que, inda perdido, não sou a alma do mundo.

Perdoa-me, Senhor, tudo me perdoa.

Deixa-me que seja o que não fui

e que fuja de mim o que me argui

e minha memória nasça nova.