A Minha Primeira Vez...
Foi numa das minhas viagens
A vida soava pela parede do útero
Só... eu uma alma nua diante do mundo
E enquanto se abre o espaço
Uma trêmula sensação de futuro
Aumenta a nitidez do mundo
Ruídos de risos e falas, e conversas banais
O frescor real da água envolvendo meu corpo
O som visível de rio onde posso brincar
Onde me posso afogar, se quiser
Seiva lenta e suculenta que me dá vida
De repente abriram a eclusa e o meu rio se foi
E eu de cabeça prá baixo quero seguir o rio
Mãos apertaram-me no escuro
Morri temporariamente de senti-lás
E as cegas quero sair, estou sem ar
Sou Eu, um corpo pensante de carne e osso
Querendo passar por força, sem explicações
Aos trambolhões me inspiro, Mal podendo respirar
Abram-me todas as janelas e portas e frestas
Tirem esse lixo da minha frente
A hora, ao minuto, ao segundo. P U M !
Cheio de mim até ti mundo cheio de vida
Choro com a alegria de ver a lucidez da vida
A primeira vez...