A MIRAGEM (O amor vê tudo até no nada) - Retrô

Vinha sobre as nuvens e sorria em meio ao vento;

Um leve levantar de suas mãos deixavam um rastro dourado levitando sobre o ar;

Ao descer, seus passos eram marcados por uma trilha de folhas verdes;

Ao olhar pra mim, sentia o sol virgem da manhã a beijar meu rosto.

Por onde quer que fosse, eu não podia não querer lhe acompanhar;

Se fugisse ao alcance de meus olhos, me fugiam também toda vontade de viver;

Mas, refletida sua imagem nas águas puras da fonte, de imediato me assediava a sede;

E se nos frutos encostasse a meiga mão, a fome me alcançaria!

A linha do horizonte, ao entardecer, eram as mesmas que desenhavam a perfeição de seu corpo;

E se a noite intentasse assustá-la, lhe desciam as estrelas numa escolta de devoção;

Todas as flores se abriam, no mar ondas calmas, nas florestas as árvores lhe aplaudiam;

Um espetáculo de perfeita poesia, cujo expectador mais privilegiado era eu!

Então ela me tomou pelas mãos e no fechar de sua boca me revelou os seus mistérios;

Me mandou cerrar os olhos e pude ver o paraíso de natureza exuberante, que se esconde no calor de seus seios;

Ela me fez crer na verdade que me enganava e me ajudou a perceber que no meu sonho repousa minha melhor e mais concreta realidade!

Dentro em pouco eu estava voando!

O vento impetuoso que me tocava o rosto, também o mantinha seco de toda lágrima;

A cruel impossibilidade não estava lá em cima, e graças a ela, eu deixei no solo todas as lógicas que dela me afastam.

E só fui parar quando num alto monte, onde não chega o juízo da razão e nem o medo do fracasso, ela me esperava, para me fazer adormecer em seu colo - onde até hoje me acho!!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 26/03/2009
Reeditado em 26/03/2009
Código do texto: T1507240
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