amor in vitro

os meus olhos se lançam ao mar

nos impactos das ondas suicidas

são como bolhas de ar

que se perdem em pequenas explosões

a imensidão líquida de palavras

em estações de sentimentos

pululam possibilidades de encontros

no afago da maré que não cansa

demarco o fitar vítreo

líquido no horizonte das ânsias

são meus espelhos reflexivos que pedem leitura

... lêr-me?

em evocações extenuadas por espumas

eu me deságuo

tenho inventado lançar garrafas ao mar

utópicas escritas de amor

ao encontro de algum pulsar receptivo

tateio a plenitude nas esferas do possível

meus lábios são fiambres descampados

aguardam o sal, o mel, o crepitar dos atritos

lanço-me ao mar in vitro...

incorpórea

há toda uma possibilidade

de tocar plexos com palavras

o recipiente não orgânico

leva consigo meu coração em letras

aguardo as respostas das ondas

ancorarem na praia

os castelos de areia

se dissolvem nas lágrimas

são todo um inverno

as estações deste amor

enquanto espero

Iva Tai
Enviado por Iva Tai em 26/03/2009
Reeditado em 26/03/2009
Código do texto: T1506929
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