amor in vitro
os meus olhos se lançam ao mar
nos impactos das ondas suicidas
são como bolhas de ar
que se perdem em pequenas explosões
a imensidão líquida de palavras
em estações de sentimentos
pululam possibilidades de encontros
no afago da maré que não cansa
demarco o fitar vítreo
líquido no horizonte das ânsias
são meus espelhos reflexivos que pedem leitura
... lêr-me?
em evocações extenuadas por espumas
eu me deságuo
tenho inventado lançar garrafas ao mar
utópicas escritas de amor
ao encontro de algum pulsar receptivo
tateio a plenitude nas esferas do possível
meus lábios são fiambres descampados
aguardam o sal, o mel, o crepitar dos atritos
lanço-me ao mar in vitro...
incorpórea
há toda uma possibilidade
de tocar plexos com palavras
o recipiente não orgânico
leva consigo meu coração em letras
aguardo as respostas das ondas
ancorarem na praia
os castelos de areia
se dissolvem nas lágrimas
são todo um inverno
as estações deste amor
enquanto espero