Braços cruzados

Contenhai vosso desejo, oh, meus braços,

Que clamastes mais que um beijo aos teus lábios

E secos aguardastes aos sabores,

Rachados em meus veixos, não meus fatos

Orgulho putrefato que se verteu em odores

Apartai-vos em segredo, oh, meus braços,

Que aos meus olhos não lhes fatiga fitá-la

Mas separai minha vista do seu corpo,

Pois que se não me caio dado morto

Sobre o seu dorso frágil, por um sopro

Excomungai-vos de mim, oh, meus braços,

O medo, o insensato e o entorpecente,

Que em tempos me manteve caricato

E meus lábios de um veto indecente

Que de silente fez-se implantado

Contenhai vosso desejo, oh, meus braços!

Que seja pena, culpa em nossos laços

Mas não mais hei de proclamar solfejos

E nem mais hei de ostentar no peito

Um distintivo incolor desfeito

Encerrai essa tormenta, então, meus braços,

Que o ser se reinventa em próprios passos

Desfaz-se então na voz adormecida

Desconstruirei o que ainda há em mim,

Que não há de por fim a minha vida

Joao L Terrezo
Enviado por Joao L Terrezo em 25/03/2009
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