VOU-ME EMBORA ISADORA
Vou-me embora Isadora
Deixar de uma vez por todas
O mel em tintas tão rubras
Nos teus lábios de amora
Vou-me embora Isadora
minha pequena lua nua
louçania de tulipa
que se ama e se adora
Vou-me embora Isadora
Na varanda da nossa paixão
Sobre um mar de arco – íris
Engolfou-se céu de cinzas
Aguilhoadas de escorpião
Vou-me embora Isadora
eu jamais devia derrubar
mas jamais devia vasculhar
na tua caixinha de Pandora
Vou-me embora Isadora
Deixar de uma vez por todas
De esmaltar tuas velhas promessas
De servi-las em coloridas travessas
Mas que pelas janelas d’alma
você sempre arremessa
Vou-me embora Isadora
Deixar de gritar teu nome
Como estocadas de cimitarras
Como poções melífluas de amor
que num corpete tecido por ninfas
tu sempre sedutoramente amarras
Vou-me embora Isadora
Deixar de suplicar teu nome
Como um refrão de vida e luz
Que ora dissolve ora revigora
No frio ou no calor das horas
Já vou-me embora Isadora
Só me diga como viver
Sem minha pequena lua nua
louçania de tulipa
que se ama e se adora?
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