Agonia do Amor Latente

Veja só, as retas, as retas

Eu escolho o que fica por baixo, tão difícil sempre, tão árduo...

Sei que ainda é uma potência latente

Intensa, intensa

As faíscas incontroláveis existem, intrínsecas, inevitáveis

E é preciso afastar os jornais, os papéis, o álcool e o sopro – o sopro!

para não subirem as labaredas a uma altura gigantesca e assustadora...

Ainda assim, queima e dói, por quê?

Torturas-me, torturas-me e me fascinas:

Sem saber, sem saber...

Causa-me pesar estranho dar-me conta do real,

Da dureza da ordem das coisas que me antecedem...

Estranho, estranho porque sei que estou errada e,

No entanto, na verdade, se há uma essência e portanto uma verdade,

Estou certa, estou tão certa!

Minha essência na tua se perde e se expande,

Não vês, não vês?

Oh, sei que vês, mais do que imagino, adivinhas.

Ainda é latência, mas já se esparrama

Não há como impedir

Sufoco, sufoco, e minh’alma me ultrapassa

A uma distância e tempo incalculáveis

E vislumbra, vislumbra o maior amor

Tomando forma no infinito...

Clarissa de Baumont
Enviado por Clarissa de Baumont em 24/03/2009
Reeditado em 24/03/2009
Código do texto: T1503906
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