Agonia do Amor Latente
Veja só, as retas, as retas
Eu escolho o que fica por baixo, tão difícil sempre, tão árduo...
Sei que ainda é uma potência latente
Intensa, intensa
As faíscas incontroláveis existem, intrínsecas, inevitáveis
E é preciso afastar os jornais, os papéis, o álcool e o sopro – o sopro!
para não subirem as labaredas a uma altura gigantesca e assustadora...
Ainda assim, queima e dói, por quê?
Torturas-me, torturas-me e me fascinas:
Sem saber, sem saber...
Causa-me pesar estranho dar-me conta do real,
Da dureza da ordem das coisas que me antecedem...
Estranho, estranho porque sei que estou errada e,
No entanto, na verdade, se há uma essência e portanto uma verdade,
Estou certa, estou tão certa!
Minha essência na tua se perde e se expande,
Não vês, não vês?
Oh, sei que vês, mais do que imagino, adivinhas.
Ainda é latência, mas já se esparrama
Não há como impedir
Sufoco, sufoco, e minh’alma me ultrapassa
A uma distância e tempo incalculáveis
E vislumbra, vislumbra o maior amor
Tomando forma no infinito...